MÃO DE OBRA QUALIFICADA

Pessoal, segue abaixo uma entrevista com Tiago Maroneze, diretor do filme "Mão de obra qualificada".
Nome completo:

Meu nome de cartório é Tiago Zorzo Maroneze, mas meu nome artístico é Tiago Melones, é um trocadilho da palavra Maroneze. Fiz isso para evitar a repetitiva brincadeira "Tiago Maionese", daí ficou Melones.

Idade: 24
Qual sua formação?
Fiz Licenciatura na PUC-RS, me formei no final de 2007.

Por que escolheste a Geografia?
Era um sonho de infância, com seis anos ganhei um Globo e ficava viajando nos países. Nessa época já sabia localizar todos os continentes. Com 13 anos descobri que a Amazônia estava sendo devastada e que o latifundio era um dos motivos que atrasavam o Brasil. Decidí então que tinha que fazer geografia para mostrar ao alunos o quanto deveriam perceber o espaço em sua volta, e que estavam sendo enganados pelo sistema. Porém anos depois, descobri que a questão é muita mais complexa.

Quando e como surgiu a ideia de fazer o filme?
Assisti uma reportagem na TV sobre a carência de mão-de-obra qualificada nas indústrias do país. Me perguntei então, por que existem tantos jovens perdidos, sem qualificação e sem emprego?. E por fim me perguntei qual era o papel do governo nisso tudo.

Conte sobre os bastidores do filme. Como foram as abordagens com as prostitutas e os meninos usuários de crack?
Foi bem complicado realizá-lo, porque eu tive que conseguir uma Câmera emprestada, tive que copiar os DVDs na casa da minha irmã e além disso todos que participaram estavam sempre na correria do cotidiano, portanto o tempo era coisa rara. Mas felizmente deu tudo certo. Demorei 10 meses para realizar o projeto e felizmente agora estou colhendo os frutos. A abordagem com as prostituas foi bem complicado, porque tínhamos que esconder a câmera. Um dos travecos chegou a nos agredir com golpes de bolsa, imagina se soubesse que estava sendo filmado, ou filmada. (risos). Já com os meninos usuários de Crack foi bem diferente. No começo eles ficaram um pouco acanhados, mas depois foram perdendo a vergonha. Tinham medo que suas mães o vissem na TV.

E os atores, quem são?
São amigos. O curioso é que ninguem nunca tinha atuado. Aliás, isso foi outra coisa interessante, pois todos que participaram levaram muito a sério o projeto, e talvez o filme tenha supreendido, pois todos se dedicaram muito. Contei com a ajuda de um grande amigo, Guilherme Mânica, que mesmo no improviso, contribuiu com o roteiro. No filme, cito também um maluco chamado Fernando Baggio, ele ficou sumido um tempo, e quando eu estava lançando o filme ele apareceu. O mago de preto que aparece representa o Santo da Perdição, no filme claro, pois na realidade é uma imagem de São Bento. Bah, se a igreja católica assistir meu filme, vai querer me colocar na fogueira. (risos). Já o ator que se compara à estátua, é Alan Floyd, uma figura ímpar na cidade.

Qual teu objetivo principal com esse filme?
O objetivo é mostrar que é possível expor uma ideia usando apenas uma câmera digital e um programa de PC que vem junto ao Windows. Basta ter vontade e um enredo na cabeça. Qualquer um se quiser, pode fazer o mesmo. Claro, dá trabalho e vc gasta um pouco(eu gastei em torno de 100R$), mas vale muito a pena, quando você vê o filme nascendo, nossa!, é uma situação inexplicável. Depois que fiz o filme, dois sujeitos já me procuraram para ajudá-los em seus projetos, vou atuar nesse projetos como editor.

E o papo com o usuário de ecstasy, como foi?
Foi de repente. Tinha um colega de trabalho que vivia tomando bala em rave. E sempre contava suas histórias. Dizia também que era melhor que sexo. Então fiz o convite para ele dar a entrevista e ele aceitou na boa. Algumas pessoas que viram o filme, me disseram que essa cena é uma apologia ao Ecstasy. Na verdade pode parecer um pouco, mas não foi meu objetivo. Não quero que ninguem saia tomando bala por aí, sei que é perigoso para o corpo. O fato do usuário em falar bem da droga é justamente para mostrar o quanto ele está dominado pelo efeito e pelo vício. Acho ridículo as propagandas de campanha contra as drogas que dizem sempre a mesma coisa: - não use drogas, são maléficas!!..... Deveriam dizer que: se tanta gente usa e se apaixona é porque o efeito é cativante, mas na real só prejudica os usuários. É a velha história do canto da sereia, ela te seduz e te devora. (risos).


Para acrescentar, eu gostaria de parabenizar a todos que estimularam esse projeto, entre eles Leonardo Lemes!. E tenho um recado para o leitor desta coluna: se estiveres com meia hora disponível no final de semana, dê uma olhada no meu filme, e descubra o que acontece na sua queridinha cidade enquanto você dorme tranquilo!!!

um abraço
Tiago Melones

Segue abaixo o link com a 1° parte do filme:

http://www.youtube.com/watch?v=GkPrnh5IOfQ